Os rumos da política e da economia brasileiras no ano das eleições

[ Orgs ]

O presente livro trata dos trabalhos apresentados na Sessão de Comunicações do XIV Fórum de Análise de Conjuntura “Os rumos da política e da economia brasileiras no ano de eleições”. O Fórum de Conjuntura tem como objetivo discutir temas relevantes da conjuntura política, social e econômica nacional e internacional. O tema do evento consistiu na discussão da conjuntura eleitoral. As comunicações abordaram vários aspectos da realidade brasileira e da América Latina no contexto de crise do capitalismo global.

As eleições de 2014 ocorreram em um contexto de acirramento das lutas sociais e de crescentes problemas na área econômica, derivados, em parte, da continuidade da crise do capitalismo global, que se arrasta desde 2008. Ainda que tenha experimentado no período algumas perdas, o capital financeiro tem logrado impor seus interesses e conseguido conduzir as respostas à crise, sem, contudo, calar a resistência às políticas recessivas. Essa tendência evidencia-se tanto na incapacidade de os Estados nacionais conseguirem impor uma regulação mais efetiva sobre os fluxos globais de capital quanto no predomínio de políticas ortodoxas, pautadas pela austeridade, que só fazem agravar a crise e jogar o ônus dos ajustes recessivos sobretudo nas costas da classe trabalhadora, como vem acontecendo na zona do euro. Este quadro tem condicionado as políticas econômicas no mundo todo.

Não por acaso dois projetos se defrontaram no último processo eleitoral. De um lado, as forças articuladas sobretudo em torno dos interesses do capital financeiro, com amplo apoio da grande impressa, mas que também articulavam outras frações da classe dominante e amplos setores da classe média. Este bloco, cuja principal expressão foi a candidatura de Aécio Neves, propunha como saída para o Brasil o rígido cumprimento das metas inflacionárias, a independência do banco central, o enrijecimento das metas de superávit primário, reformas visando a redução de direitos trabalhistas e sociais, o câmbio valorizado e o aprofundamento da abertura da economia nacional. De outro, a candidatura Dilma, com forte apoio popular e com um discurso à esquerda (principalmente no segundo turno das eleições), advogava uma proposta que buscava de forma contraditória contemporizar, ao mesmo tempo, as políticas macroeconômicas neoliberais com a continuidade das políticas voltadas para o crescimento do mercado interno e para o enfrentamento dos fulcrais problemas da desigualdade social e da miséria. Linha que vinha sendo perseguida com algum sucesso desde o governo Lula, mas que já mostrava em 2014 sinais de esgota- mento no baixo crescimento e no fato dos preços situarem-se no limite superior da meta de inf lação.

O embate eleitoral também foi balizado pelos movimentos sociais que eclodiram em 2013, cujos ecos ainda se faziam ouvir com força. Movimentos muito heterogêneos na sua composição e nas suas reivindicações, que iam do fim da corrupção disseminada no setor público às melhorias nos transportes urbanos, na educação e na saúde. Seja como for, estes movimentos evidenciaram os limites das políticas sociais focalizadas e de caráter compensatório do governo e defendidas pelas instituições multilaterais e pelos neoliberais. Eles indicam a necessidade premente de políticas sociais universais.

O presente livro pretende ser uma contribuição a discussão dessas questões. O seu tema central consiste no debate acerca dos rumos do Brasil no complexo contexto nacional e internacional em que vivemos, tendo em vista os resultados das eleições.

SOBRE O LIVRO

Publicado em 2015

ISBN 978-85-7917-288-5

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